terça-feira, 19 de novembro de 2013

"JK estava na lista da Operação Condor", diz biógrafo do ex-presidente
Do UOL, em São Paulo               

 
O escritor e historiador Ronaldo Costa Couto, autor da biografia "O Essencial de JK", defendeu a tese de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura militar e reconheceu que houve corrupção na construção de Brasília durante sabatina no programa "Roda Viva" desta segunda-feira (18), na TV Cultura.

Biógrafo de JK é entrevistado do Roda Viva - 4 vídeos [LINK] http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/11/19/jk-estava-na-lista-da-operacao-condor-diz-biografo.htm [/LINK]


"Não havia transparência, era ditadura militar. Muita coisa foi ocultada, da própria imprensa (...) JK era um mito, uma pedra no sapato da ditadura", disse o historiador. Ele explica que, em seu livro, há relatos de testemunhas que presenciaram um encontro de Kubitschek com representantes do governo de Ernesto Geisel. "Juscelino estava na lista da Operação Condor para ser eliminado", aponta Couto em referência à aliança da agência norte-americana CIA com países da América do Sul para deter um suposto avanço de regimes comunistas.


Houve corrupção para construir Brasília

Questionado sobre os equívocos do governo de JK, principalmente na área econômica e da reforma agrária, Costa Couto não tergiversou e reconheceu que todos são abordados em sua obra, inclusive a corrupção na construção da capital do país, Brasília.
"Claro que houve corrupção para construir Brasília. Não havia outro jeito de se fazer naquela época", reconhece. "Mas não sei se a roubalheira atingia os níveis de hoje", completa, ponderando sobre a leve referência feita com o escândalo do mensalão, feita pelos sabatinadores.
Costa Couto lembrou da habilidade que Kubitschek tinha de costurar alianças e da máxima da época de que, para ser inimigo do então presidente, era necessário ficar a "seis léguas de distância". O problema com o câncer e o uso de hormônio para aumentar a virilidade para dar conta de uma amante 40 anos mais nova, também foi questionado. "Ele era médico urologista e, mesmo assim, abusou dos hormônios. Ele fez inflação, foi acusado de corrupção, colecionou erros, casos extra-conjugais (...) mas ele mudou o Brasil", ponderou.

Biografias autorizadas

A polêmica que polarizou o grupo de artistas, encabeçados por Caetano Veloso e Roberto Carlos e denominado Procure Saber, com os biógrafos e escritores veio naturalmente à pauta do programa "Roda Viva". Ronaldo Costa Couto rechaçou a ideia de ter de pedir autorização a Juscelino Kubitschek, se fosse vivo, para escrever sua biografia. "Se tivesse de pedir, não faria a biografia. Eu acho que ele aprovaria, pois ali está o JK real", revelou.
Para ele, o esforço válido da Comissão da Verdade deve ajudar pouco para elucidar o contraditório que cerca a morte do ex-presidente. A exumação feita no motorista Geraldo Ribeiro em 1996 apontou a existência de um objeto de metal no crânio. "Mas este objeto desapareceu, como isso pode acontecer?", indaga.
Entre as teorias mais plausíveis acerca da morte de Juscelino, Costa Couto acredita em uma sabotagem durante uma parada feita por Ribeiro e o ex-presidente na Rodovia Dutra. "O carro parou no Hotel Vila Forte, cinco quilômetros antes do local do acidente. Ali, o carro poderia ter sido sabotado. Além disso, há quem diga que um atirador teria acertado a cabeça do motorista", finaliza.

Biógrafo de JK é entrevistado do Roda Viva - 4 vídeos


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Morte de Jango causou 'saia justa' sobre posição da Bandeira Nacional no mastro
DO BANCO DE DADOS
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A morte do presidente João Goulart (1919-1976), o Jango, esteve nas páginas da Folha em dezembro de 1976.

 
Em 1956, João Goulart, então vice-presidente, conversa com o presidente Juscelino Kubitschek


Ao noticiar a morte, em 7 de dezembro de 1976, o jornal trouxe um perfil de Jango) e uma análise sobre seus 31 meses na Presidência da República, além de mostrar a repercussão da morte, especialmente em Brasília, onde houve até saia justa sobre a posição da Bandeira Nacional no mastro.

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Também em 7 de dezembro, quando a morte do presidente foi anunciada na capa, ao lado de uma foto com a multidão que acompanhava o time do Corinthians, que disputava o título do Campeonato B rasileiro, a Folha publicou editorial no qual contextualiza a herança política e econômica que ditaram sua forma de administrar o país, assim como as turbulências que levaram à sua queda e ao exílio do exterior.

No dia seguinte, assim como a véspera, a Folha relatou o enterro do ex-presidente, em São Borja (RS), em cobertura que evidenciou o isolamento pelo qual passou João Goulart. As matérias informaram que, apesar de ter sido acompanhado por mais de 50 mil pessoas, nenhum representante do alto escalão do governo participou do cortejo fúnebre, alguns atrapalhados por um forte temporal que impediu a chegada de aviões.

O isolamento não foi por acaso, uma vez que autoridades militares se mexeram para abafar e impedir qualquer manifestação popular durante o sepultamento e também contribuíram para impedir que fosse decretado luto oficial, procedimento normal em mortes de ex-presidentes.


João Goulart

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Acervo UH - 1956/Folhapress
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Em 1956, João Goulart, então vice-presidente, conversa com o presidente Juscelino Kubitschek